Nem sempre quem é brilhante se sente visto. Imagine alguém com um talento excepcional, mas que passa despercebido na multidão, sem chance real de desenvolver seu potencial. Infelizmente, essa é a realidade de muitas pessoas com altas habilidades que vivem sem suporte aqui. Mas as coisas podem mudar para os superdotados de Aparecida.

Foi pensando em transformar essa situação que o vereador Gleison Flávio apresentou um projeto inédito na cidade: o Projeto de Lei Nº 070/2025. A ideia é direta e clara—criar condições para identificar, apoiar e acompanhar quem possui habilidades acima da média.

A proposta já está ganhando força. Discutida recentemente na 10ª sessão da Câmara Municipal, agora ela passa por uma análise cuidadosa nas comissões. Se aprovada, pode representar uma mudança profunda na forma como Aparecida olha para seus cidadãos talentosos, sejam eles crianças, jovens ou adultos.

Mas por que isso é importante? Bem, no Brasil, descobrir e reconhecer pessoas superdotadas ainda é um verdadeiro quebra-cabeça. Muitas dessas pessoas enfrentam uma sensação constante de deslocamento, desinteresse ou mesmo frustração nas escolas comuns. E isso acontece simplesmente porque ninguém percebeu ou soube lidar adequadamente com seus talentos.

O resultado é preocupante: talentos promissores acabam ficando pelo caminho. Potenciais cientistas, artistas ou empreendedores deixam de contribuir com o futuro porque não receberam o estímulo necessário. Justamente aí está o diferencial do projeto proposto por Gleison: oferecer apoio real, criar programas educacionais específicos e proporcionar acompanhamento psicológico de qualidade.

E isso não é só uma boa intenção no papel. Outras cidades brasileiras já perceberam o valor desses talentos ocultos e começaram a fazer diferente. Em Lavras, Minas Gerais, o CEDET se tornou exemplo nacional ao oferecer desafios acadêmicos específicos e suporte psicológico para jovens superdotados desde 1993. Um sucesso absoluto.

Em São José do Rio Preto, interior paulista, os estudantes com altas habilidades contam com currículos personalizados e projetos que provocam sua criatividade. Lá, os resultados já são visíveis: motivação renovada e desempenho bem acima da média. Algo semelhante acontece no Rio de Janeiro, onde a FAETEC apostou em salas multifuncionais, professores treinados e metodologias inovadoras. O resultado? Mais inclusão, mais permanência e mais talentos realizados.

E Aparecida? Está mais do que na hora da cidade dar esse passo. Caso o projeto seja aprovado, o município pode entrar para esse seleto grupo de cidades que perceberam a importância de apoiar quem realmente pode fazer a diferença. E o impacto vai além de indivíduos isolados—toda a comunidade ganha quando talentos são reconhecidos e estimulados.

Agora resta esperar, com uma pontinha saudável de expectativa, para ver se a Câmara Municipal reconhece que investir nos superdotados de Aparecida, não é só bom, mas essencial. Afinal, apoiar quem pode criar, inovar e transformar talvez seja o melhor presente que uma cidade pode dar a si mesma.