FOCCA 2024 – Cartografias de Poéticas Afirmativas e Danças da Indignação: IFG de Aparecida recebe Gal Martins para oficina de Dança da Indignação e promove reflexão social

Foto do anuncio do evento.
Gal Martins conduz oficina de Dança da Indignação no IFG, trazendo à tona a força das narrativas periféricas e afro-brasileiras através da arte. (Foto: Redes Sociais/focca.aguasdancam

A FOCCA 2024 – Cartografias de Poéticas Afirmativas e Danças da Indignação, é um projeto cultural inovador que visa integrar a dança, a água e a convivência em um espaço de criação artística. O projeto se destaca por sua proposta única de unir arte e natureza, oferecendo uma experiência imersiva e acessível para todas as pessoas, especialmente aquelas em situação de vulnerabilidade social.

Dentro da FOCCA 2024, o Laboratório FOCCA se apresenta como uma das iniciativas mais marcantes, convidando o público a participar de aulas de dança na água, realizadas semanalmente na piscina da Faculdade de Educação Física e Dança da Universidade Federal de Goiás Campus Samambaia (UFG). Essas atividades são gratuitas e foram cuidadosamente planejadas para acolher pessoas de diferentes contextos sociais, com uma atenção especial à inclusão de indivíduos marcados por questões de raça, gênero, classe, etarismo e capacitismo.

A proposta do Laboratório FOCCA é criar um espaço onde a dança e a água se encontram para promover experimentações artísticas e convivência coletiva. Segundo Ana Alonso, professora e coordenadora do projeto, não é necessário ter experiência prévia em dança ou atividades aquáticas, tornando as aulas acessíveis a um público diversificado.

A FOCCA, que já realiza atividades abertas à comunidade há quase dois anos, prioriza a presença de pessoas trans, negras e indígenas em suas ações, reforçando seu compromisso com a diversidade e a inclusão. As aulas de dança na água são uma oportunidade única para explorar novos movimentos, relaxar e se conectar com o corpo em um ambiente acolhedor e inclusivo.

As atividades do Laboratório FOCCA ocorrem todas as segundas-feiras, das 15h às 18h, na piscina da UFG, e seguirão até o dia 30 de setembro. As inscrições são realizadas diretamente no local, e todas as pessoas interessadas são bem-vindas a participar. O projeto oferece não apenas uma oportunidade de aprendizado, mas também um espaço de acolhimento e expressão artística, promovendo a saúde física e mental dos participantes por meio da dança e do contato com a água.

Fonte: youtube.com/@TVUFG

Dança da Indignação: A metodologia de Gal Martins

Um dos grandes destaques da FOCCA 2024 em Aparecida de Goiânia é a oficina “Danças Furiosas: Organizando os Ódios a partir da Metodologia da Dança da Indignação”, que será conduzida pela renomada artista e socióloga Gal Martins. Gal, que é fundadora da Cia Sansacroma e do grupo Zona Agbara, é uma das principais figuras do cenário artístico contemporâneo no Brasil. Seu trabalho é conhecido por sua abordagem que une arte e política, e por trazer à tona discussões sobre raça, gênero e marginalidade.

A metodologia da Dança da Indignação, desenvolvida por Gal em 2012, surgiu de sua necessidade de criar uma narrativa que contemplasse toda a complexidade de seu corpo como uma mulher preta, gorda, periférica e de religiões de matrizes africanas. Gal explica que a metodologia foi criada para dar voz a questões, frequentemente apagadas ou ignoradas nos processos tradicionais de formação em dança. “A Dança da Indignação surge nessa perspectiva de ampliar o olhar, criar uma estratégia de responsabilidade estética com esses corpos que têm essas narrativas que descolam de uma realidade produtiva e oferecer outra leitura, outra possibilidade de construção dramática em dança”, comenta Gal.

Prática na oficina de Dança da Indignação

Durante a oficina no IFG, Gal Martins aplicará a “Tríade de Tensão”, um dos conceitos centrais de sua metodologia. Essa tríade trabalha com três áreas do corpo: o tronco (onde se concentram os órgãos vitais como coração e estômago), a cabeça (onde ocorre a racionalização das experiências) e a garganta (espaço primordial para expurgar as violências). Gal explica que essas áreas são as primeiras a serem afetadas pelas violências sofridas por corpos negros e periféricos, e que a Tríade de Tensão permite transformar essas dores em movimento e expressão artística.

Além disso, a oficina também abordará práticas relacionadas ao autocuidado e ao autoamor como formas de resistência política. Gal enfatiza que a metodologia não só organiza os ódios e cria uma estética indignada, mas também propõe atos de autoacolhimento, de reflexão e de cuidado consigo mesmo. “Nós estamos organizando os ódios, criando essa estética indignada, mas também a ideia é propor esses atos, essas pausas de autoamor, de autoreflexão, de autoacolhimento, inclusive do acolhimento dessas próprias raivas, desses próprios ódios, para que eles possam ganhar o espaço que eles devem ganhar no corpo”, explica Gal.

Transformação social e cultural

A proposta de Gal Martins com a Dança da Indignação vai além da expressão artística, propondo uma transformação social profunda. A metodologia que ela desenvolveu é, por si só, um ato de resistência e de transformação, tanto no nível individual quanto no coletivo. Gal acredita que ao oferecer espaço para que corpos dissidentes possam explorar suas potências e criar suas próprias estéticas e narrativas, ela está contribuindo para uma transformação social significativa. “Quando abro espaço para que um corpo dissidente possa explorar essas potências, porque tudo que falo aqui tem muito a ver com potências, com grandiosidades, com tecnologias pretas, tecnologias registrais. Então, tudo isso movendo em um corpo, já é um ato de transformação social”, afirma Gal.

Luciana Ribeiro, professora do curso de Licenciatura em Dança do IFG, destaca a importância de receber Gal Martins em Aparecida de Goiânia: “Trazer a Gal Martins significa uma troca muito rica de perspectivas de dança contemporânea e alinhadas às questões mais emergentes que a dança enfrenta hoje. Sua metodologia vai de encontro a muitas das questões que discutimos no curso de Licenciatura em Dança, com os fazedores de dança do município de Aparecida de Goiânia, com os trabalhadores da arte, e com esse lugar periférico”.

O Legado da FOCCA 2024

A FOCCA 2024 consolida seu papel como um projeto cultural comprometido com a valorização das culturas tradicionais ao estabelecer uma articulação significativa com comunidades quilombolas em Goiás. Em particular, o projeto tem desenvolvido ações conjuntas com o Quilombo Vó Rita, localizado em Trindade, e o Quilombo Jardim Cascata, em Aparecida de Goiânia. Essa colaboração é essencial para promover a preservação e a visibilidade das tradições afro-brasileiras, fortalecendo as raízes culturais e sociais dessas comunidades. A FOCCA 2024 expressa profundo agradecimento às lideranças locais, Marta Quintiliano e Lucia Quilombola, cujo acolhimento e apoio têm sido fundamentais para o sucesso das iniciativas, possibilitando um espaço de diálogo, troca de saberes e resistência cultural.

O legado da FOCCA 2024 vai além da expressão artística, promovendo o fortalecimento da consciência social e o respeito às diversidades culturais. A coordenação do projeto acredita que as atividades realizadas em Aparecida de Goiânia poderão servir como modelo para futuras ações em outras instituições de ensino no estado. Além disso, o projeto promete deixar um legado significativo, inspirando novos projetos voltados para a integração cultural e o fortalecimento das identidades locais.

Os interessados em acompanhar os melhores momentos e atividades do FOCCA 2024 podem seguir o Instagram oficial do evento, @focca.aguasdancam, onde serão divulgados os momentos mais marcantes dessa jornada de criação e troca de saberes.

O que é a FOCCA?

A FOCCA é uma sigla para: Fabulações Ondulatórias de Criação Convivial em Água que realiza dança na água, aulas e pesquisas e que também faz alusão ao incrível mamífero aquático de mesmo nome. As atividades que integram dança e as águas já são realizadas com atividades abertas à comunidade há quase 2 anos. Aberto a todas as pessoas, prioriza a presença de pessoas trans, negras e indígenas. Dentre as atividades têm o Laboratório FOCCA já citado acima, com aulas semanais na piscina da Faculdade de Educação Física e Dança localizada no campus samambaia na Universidade Federal de Goiás (UFG).

Informações sobre o evento no IFG Câmpus Aparecida

  • Data: 21 de agosto de 2024.
  • Horário: 19h às 22h.
  • Local: Instituto Federal de Goiás (IFG), Aparecida de Goiânia.
  • Público-Alvo: Estudantes de Dança e áreas afins, multiplicadores culturais.
  • Atividades: Oficina coreográfica baseada na metodologia da Dança da Indignação, abordando práticas como a Tríade de Tensão e Cardiografias dos Corpos
  • Especialista: Gal Martins, artista, pensadora em dança e gestora cultural
  • Acessibilidade: Atividades acessíveis em Libras
  • Contato para mais informações: Sarah – (62) 8159-5336, e-mail: [email protected] e instagram: @focca.aguasdancam

Informações sobre o laboratório FOCCA – Aulas de dança nas águas

  • Local: Piscina da Faculdade de Educação Física e Dança da Universidade Federal de Goiás (UFG), Campus Samambaia
  • Dia e Horário das Aulas: Todas as segundas-feiras, das 15h às 18h
  • Duração: Até 30 de setembro de 2024
  • Inscrições: Realizadas no local
  • Valor: Gratuito
  • Quem Pode Participar?
    Todas as pessoas interessadas, com prioridade para aquelas vulnerabilizadas por marcadores sociais de raça, gênero, classe, etarismo e capacitismo
  • WhatsApp para Informações: Sarah: (62) 98159-5336
  • Mais Informações: https://tinyurl.com/PressKIT-FOCCA2024
  • Assessoria de Imprensa: Lorena Sêthálha: (62) 98181-5428, e-mail [email protected]

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